domingo, 9 de novembro de 2008


Eu vou te contar que você não me conhece
E eu tenho que gritar isso, porque você está surdo e não me ouve
A sedução me escraviza à você
Ao fim de tudo você permanece comigo, mas preso ao que eu criei
E não a mim
E quanto mais falo sobre a verdade inteira, um abismo maior nos separa
Você não tem um nome
Eu tenho
Você é um rosto na multidão e eu sou o centro das atenções
Mas a mentira da aparência do que eu sou é a mentira da aparência que você é
Porque eu não sou o meu nome e você não é ninguém
O jogo perigoso que pratico aqui, ele busca chegar ao limite possível de aproximação
através da aceitação, da distância e do reconhecimento dela
Entre eu e você existe a notícia que nos separa
E eu quero que me veja a mim
Eu me dispo da notícia
E a minha nudez parada te denuncia e te espelha
Eu me delato
Tu me relatas
Eu nos acuso
E confesso por nós
Assim, me livro das palavras
Com as quais você me veste
Eu sei que eu tenho um jeito meio estúpido de ser
E de dizer coisas que podem magoar e te ofender
Mas cada um tem o seu jeito todo próprio de amar e de se defender
Você me acusa e só me preocupa, agrava mais e mais a minha culpa
Eu faço, e desfaço, contrafeito o meu defeito é te amar demais
Palavras são palavras e a gente nem percebe o que disse sem querer e o que deixou pra depois Mais o importante é perceber que a nossa vida em comum
Depende só e unicamente de nós dois
Eu tento achar um jeito de explicar
Você bem que podia me aceitar
Eu sei que eu tenho um jeito meio estúpido de ser
Mas é assim que eu sei te amar ....

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