terça-feira, 17 de junho de 2008

MANUAL PRÁTICO PARA MOMENTOS DE FRANCA DESGRAÇA!



É só um cara.

Não "o denso lago de mistérios gozosos onde você mergulhou e ainda não submergiu".

Nem "o sustentáculo de todos os ossos de seu corpo", tampouco "o mármore onde está gravada a suprema razão de sua existência".

É só um cara.

E quer mesmo saber? É um cara como todos os outros caras.

Esse que te perguntou as horas no meio da rua –podia ter sido ele e você nem ligou.

O mendigo, o ginecologista, o padre, o motoboy.

Ele estava ali o tempo todo.

E ele não estava.

Ele é só um deles.

Vários.

Uma legião.

E ninguém.

É só um cara.

E não a sua vida.

E não todos os dias da sua história.

E não todas as suas lágrimas juntas em um único sábado solitário.

Ele não é o destino.

É um cara.

Existem muitos destinos.

Ele é só um cara que mal sabe escolher os próprios perfumes.

Não sabe sangrar.

Não sabe que nome daria a um filho.

Não pode ficar mais tempo.

Ele é só um cara perdido como muitos outros caras que você encontrou.

E perdeu.

Ele é só um cara.

E vc ja esqueceu outros caras antes.

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