É só um cara.
Não "o denso lago de mistérios gozosos onde você mergulhou e ainda não submergiu".
Nem "o sustentáculo de todos os ossos de seu corpo", tampouco "o mármore onde está gravada a suprema razão de sua existência".
É só um cara.
E quer mesmo saber? É um cara como todos os outros caras.
Esse que te perguntou as horas no meio da rua –podia ter sido ele e você nem ligou.
O mendigo, o ginecologista, o padre, o motoboy.
Ele estava ali o tempo todo.
E ele não estava.
Ele é só um deles.
Vários.
Uma legião.
E ninguém.
É só um cara.
E não a sua vida.
E não todos os dias da sua história.
E não todas as suas lágrimas juntas em um único sábado solitário.
Ele não é o destino.
É um cara.
Existem muitos destinos.
Ele é só um cara que mal sabe escolher os próprios perfumes.
Não sabe sangrar.
Não sabe que nome daria a um filho.
Não pode ficar mais tempo.
Ele é só um cara perdido como muitos outros caras que você encontrou.
E perdeu.
Ele é só um cara.
E vc ja esqueceu outros caras antes.
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